Wednesday, June 07, 2006

João Coelho da Rocha II

MAR SALGADO

Fausto Lança

A evocação do mar no som profundo da musicalidade da sua voz ondulante.

O globo lavado de oceanos profusos no tambor mítico da musicalidade azul do mar.



‘Cornucópia marítima’

- Oferenda aos deuses -

O teu corpo gracioso chorado de água de mar salgado, de pele lavada de cheiro a maresia, odoríficos sabores marítimos de sargaço, de medusas, sonoros búzios, luminescente plâncton, na fresquidão azul com esverdeadas matizes do muralhar do mar endeusado na esbelta escultura feminina de Iemanjá caminhando com um vaso ao colo sobre as águas bonançosas, regando no regresso a terra virginal. O sol nada a maratona longínqua do horizonte. O cântico dos ventos dança o som melodioso das ondas. O majestático Neptuno poderoso, sentado num penedo, vigia e comanda triunfante a profunda vastidão oceânica. Um tropel de heróicos cavalos alados cavalga as cristas marítimas. Nuvens voam os pronúncios oceânicos do tempo ignoto na fé de destinos incógnitos e venturosos. Translúcida, vestida de branco, Iemanjá caminha ligeira e ousada como uma suave onda para se enamorar de Neptuno vaporoso envolto no meio das brumas oceânicas.

Porto Martim 17-05-03

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Canícula

Ninfas voluptuosas
Sereias acetinadas de sedução
Hidras esguias a espargirem beijos
Diluídos no movimento compassado das marés
Um possante Unicórnio
A rasgar folgadamente o vento no areal

Amores abrasados
De áureo sol apolínico espelhado
A vogar na salgada aragem flutuante
Sobre tórrido oceano dilatado
Empolgado ao vibrante azul cristalino
Da alta grandiosidade celestial

Na orla marítima circundante
Sob arvoredo ondulante
A briza recolhida do refrigério estival

Esbeltas corsas
Garbosos cervos
Faunos joviais sob a ramagem adejante
A trautearem leques de líricas
Duendes a murmurar partidas amorosas
Graciosas mariposas multicores
A espanejar sacudidas
A dolência tépida da aragem
Frágeis borboletas esvoaçam deslizantes
A sua airosa leviandade
Seduções quiméricas
Quiçá enleamentos profanos
Enamoramentos refrescados

Nesse retouçar distraído
Ecoam na turbulenta aflição
Sobressaltos, alertas, gritos apelativos de socorro
Ante a voragem galopante desenfreada
Da cega acutilância intempestiva
De feéricos unicórnios simulados
A perpassarem velozes
Na atapetada míriade cristalina
Do areal escaldante
Da majestática canícula de Febo

Praia da Vitória, 03-07-94

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