Fonte:sapo
Thursday, December 28, 2006
Sunday, December 24, 2006
Magnífico!!!
Sonhos!
Tuesday, December 19, 2006
Tuesday, December 05, 2006
Wednesday, November 29, 2006
Invenção!
Inventar, não é fácil, tentar é um pouco incómodo!
No mar, a terra parece pequena, mas sem ela não há mar! Navegar!
Ar, sentir o voo da gaivota, num dia de nevoeiro, sem timoneiro!
Ruas pequenas solidões, passeios sem ilusões!
Conversas serenas e complexas, vazias de significado abstracto!
Para já só de Jacto!!!
AHHHHH! AHHH!
Areia de pequenas histórias, cheia de grande emoção, história das tempestades que nos fazem ilhéus!
Inverno, és a nossa verdadeira essência!
Alvarino F. Pinheiro
No mar, a terra parece pequena, mas sem ela não há mar! Navegar!
Ar, sentir o voo da gaivota, num dia de nevoeiro, sem timoneiro!
Ruas pequenas solidões, passeios sem ilusões!
Conversas serenas e complexas, vazias de significado abstracto!
Para já só de Jacto!!!
AHHHHH! AHHH!
Areia de pequenas histórias, cheia de grande emoção, história das tempestades que nos fazem ilhéus!
Inverno, és a nossa verdadeira essência!
Alvarino F. Pinheiro
Saturday, November 25, 2006
Lost- O que se passa na ILHA!?
1. Estão todos mortos.
Na verdade, o acidente de avião não deixou sobreviventes. Todos os personagens estão mortos, presos numa realidade intermediária, uma espécie de purgatório, onde são testados antes de serem admitidos na próxima etapa de suas existências (inferno, paraíso, reencarnação, etc). Encaixa-se bem com a improbabilidade de tanta gente sobreviver à queda de um avião.
2. É tudo imaginação.
Nada daquilo está acontecendo e o que vemos é somente a imaginação de um dos sobreviventes criando situações fictícias envolvendo algumas das últimas pessoas que viu antes de entrar em coma. Combina com a improbabilidade de todos os sobreviventes terem suas vidas tão conectadas umas com as outras.
3. Poltergeist.
O menino Walt possui enormes poderes paranormais mas não os consegue controlar, gerando os perigos que ameaçam os sobreviventes do acidente. Explicaria a coincidência de haver um urso polar na revista em quadrinhos que Walt lia (exatamente o animal que aparece na ilha, apesar de não ser seu habitat natural) e as referências feitas aos estranhos dotes de Walt.
4. Solaris.
A ilha transforma os desejos de seus habitantes em realidade (como fazia o planeta Solaris no livro de Stanislaw Lem, adaptado para o cinema por Andrei Tarkovsky e depois por Steven Soderbergh). Locke deixa de precisar da sua cadeira de rodas, Jack vê o pai morto, o urso polar que Walt viu na revista em quadrinhos aparece na ilha tropical, etc.
5. Extraterrestres.
A ilha é um experimento científico e os sobreviventes são cobaias de um estudo comportamental executado por extraterrestres. Nesta teoria, a própria queda do avião pode ter sido provocada pelos cientistas alienígenas que controlam a ilha. O urso branco e a nuvem negra são introduzidos no sistema para testar a reação das cobaias.
6. Conspiração governamental.
Variação da teoria anterior, com uma agência secreta governamental controlando o experimento.
7. Universo paralelo.
O avião atravessou alguma espécie de túnel dimensional e foi transportado para uma realidade paralela à nossa com leis físicas próprias. Elementos estranhos, como por exemplo o urso polar, podem ter sido também transportados para lá.
8. Apocalipse.
Os sobreviventes na ilha são na verdade também os últimos sobreviventes do planeta. A queda do avião foi conseqüência de um evento apocalíptico, no qual a ilha e seus habitantes estavam de alguma forma envolvidos.
9. Nanotecnologia.
A ilha é palco de uma experiência científica envolvendo nanotecnologia. A nuvem negra é formada por milhões de robôs microscópicos capazes de tomar formas variadas (o urso polar, por exemplo) e/ou capazes de regenerar fisicamente seres humanos (as pernas de Locke, por exemplo). Isto também poderia explicar a sobrevivência de tanta gente na queda do avião, muitos deles beneficiados pelos poderes curativos da nanotecnologia.
10. Realidade virtual.
A ilha é um ambiente simulado em computador e os sobreviventes do acidente são representações de pessoas que não estão realmente ali, somente personagens num jogo virtual, possivelmente com memórias pré-escritas e implantadas artificialmente.
É bem possível que nenhuma destas teorias se aproxime do que os roteiristas de Lost imaginaram (e algumas já foram até rejeitadas por eles em entrevistas). Mas uma série que se abre a tantas interpretações para o seu tema central (e tantas outras para outros mistérios, como a seqüência de números, os habitantes da ilha conhecidos como "the others", a escotilha no chão, os problemas magnéticos, as referências a filósofos e escritores, etc) é no mínimo um ótimo assunto para conversas com os amigos. E você, já tem sua teoria sobre Lost?
autor: desconhecido
Wednesday, November 22, 2006
Tuesday, November 21, 2006
...
Calma!!!
Friday, November 03, 2006
Atenção!
Estudo:
Stocks de peixe no mar esgotados até 2048
Os stocks de peixe no mar deverão esgotar-se até 2048 caso se mantenha a actual taxa de extinção das espécies marinhas, indica um estudo hoje divulgado na revista Science.
De acordo com um levantamento feito por uma equipa internacional de cientistas, os stocks de peixe já diminuíram cerca de 33%, uma taxa que continua a aumentar.
No entanto, os cientistas acreditam que ainda é possível inverter a tendência, se forem alargadas as áreas protegidas nos oceanos.
«Exploramos os oceanos esperando e supondo que haverá sempre uma nova espécie para ser explorada depois de acabarmos completamente com a última», disse o cientista Boris Worm, da Universidade Dalhousie, do Canadá, que coordenou o estudo.
«Se não mudarmos fundamentalmente a forma como administramos o conjunto das espécies marítimas, este século será o último século com frutos do mar na natureza», adverte outro cientista envolvido no projecto, Steve Palumbi, da Universidade de Stanford.
O estudo foi feito com base na análise dos índices de pesca em alto-mar, da pesca praticada em determinadas regiões costeiras e de experiências realizadas em pequenos ecossistemas e noutros onde a pesca é restrita ou protegida.
Em 2003, 29% das instalações pesqueiras em alto-mar estavam em estado de ruptura, o que significa que a sua produção tinha caído para menos de 10% do original.
Nem mesmo a utilização de embarcações maiores, redes mais eficazes e novas tecnologias para encontrar peixe conseguiram aumentar o volume de pescado. Na realidade, houve uma queda de 13% no total pescado no mundo entre 1994 e 2003.
O estudo também alerta que a tendência é que a perda da biodiversidade venha a causar o encerramento de mais praias, inundações e disseminação de algas potencialmente nocivas.
03-11-2006 13:50:56
Fonte: Diário Digital
Stocks de peixe no mar esgotados até 2048
Os stocks de peixe no mar deverão esgotar-se até 2048 caso se mantenha a actual taxa de extinção das espécies marinhas, indica um estudo hoje divulgado na revista Science.
De acordo com um levantamento feito por uma equipa internacional de cientistas, os stocks de peixe já diminuíram cerca de 33%, uma taxa que continua a aumentar.
No entanto, os cientistas acreditam que ainda é possível inverter a tendência, se forem alargadas as áreas protegidas nos oceanos.
«Exploramos os oceanos esperando e supondo que haverá sempre uma nova espécie para ser explorada depois de acabarmos completamente com a última», disse o cientista Boris Worm, da Universidade Dalhousie, do Canadá, que coordenou o estudo.
«Se não mudarmos fundamentalmente a forma como administramos o conjunto das espécies marítimas, este século será o último século com frutos do mar na natureza», adverte outro cientista envolvido no projecto, Steve Palumbi, da Universidade de Stanford.
O estudo foi feito com base na análise dos índices de pesca em alto-mar, da pesca praticada em determinadas regiões costeiras e de experiências realizadas em pequenos ecossistemas e noutros onde a pesca é restrita ou protegida.
Em 2003, 29% das instalações pesqueiras em alto-mar estavam em estado de ruptura, o que significa que a sua produção tinha caído para menos de 10% do original.
Nem mesmo a utilização de embarcações maiores, redes mais eficazes e novas tecnologias para encontrar peixe conseguiram aumentar o volume de pescado. Na realidade, houve uma queda de 13% no total pescado no mundo entre 1994 e 2003.
O estudo também alerta que a tendência é que a perda da biodiversidade venha a causar o encerramento de mais praias, inundações e disseminação de algas potencialmente nocivas.
03-11-2006 13:50:56
Fonte: Diário Digital
Tuesday, October 31, 2006
Freud & Cocaine
Entre as idades de 28 e 39, por onze anos, Sigmund Freud utilizou regularmente a cocaína em sua forma de alcalóide, em pó.
Como jovem neurologista, essa foi sua primeira tentativa experimental fora da prática médica tradicional. Ele estava buscando o reconhecimento público capaz de gerar a clientela que lhe traria fama e recursos financeiros permitindo, assim, que se casasse com sua noiva, de quem estava separado havia dois anos.
Durante esse período, Freud publicou três artigos importantes e fez uma apresentação para a Sociedade Psiquiátrica de Viena sobre os usos terapêuticos da cocaína. Embora esse experimento não tenha atingido suas expectativas, e seus artigos sobre a cocaína nunca tivessem aparecido em seus escritos publicados, esses estudos fizeram de Freud, na verdade, um fundador da psicofarmacologia e, provavelmente, influenciaram seu trabalho com os sonhos e o inconsciente.
Introdução
No início de sua carreira, Freud escreveu três artigos científicos sobre a cocaína. Quando eles foram "descobertos" e tornados públicos, em 1963 e, novamente, em 1974, ampliaram a compreensão do relacionamento de Freud com a droga que, até aquele momento "focalizava dois aspectos do envolvimento de Freud com a cocaína: primeiro, a questão da prioridade na descoberta da anestesia local e, segundo, a defesa ‘equivocada’ que Freud fez da droga como uma ... panacéia ..."
Entretanto, a importância de Freud na história da psicofarmacologia não está somente na sua elegante revisão da literatura existente e nas suas sugestões para terapia, como apresenta em seu artigo "Sobre a coca". O mais significativo de todos é o seu breve artigo, publicado em janeiro de 1885, "Uma contribuição para o conhecimento do efeito da cocaína", um estudo que confirma o papel de Freud como um dos fundadores da psicofarmacologia moderna.
O primeiro ponto de importância é que Freud, depois de defrontar-se com uma droga com propriedades psicofarmacológicas singulares, não se satisfez com a mera revisão da experimentação humana e animal que havia sido feita até aquele momento. Ao invés disso, ele imediatamente partiu para a demonstração das propriedades psicofarmacológicas da substância. De fato, alguns anos antes, a droga havia sido estudada. Em 1880, von Anrep havia pesquisado a farmacologia da cocaína em experiências com animais. Freud, porém, trabalhou com uma substância purificada e fez registros cuidadosos de suas experiências - em si próprio. Ele utilizou os instrumentos de avaliação mais sofisticados disponíveis na época para poder obter os registros psicofisiológicos mais precisos possíveis e, então, correlacionou esses resultados, simultaneamente, com mudanças de humor e percepção, cuidadosamente descritas durante o período de ação da droga. Essas experiências estabeleceram a dosagem apropriada e o tempo de ação da substância - um relacionamento crucial na experimentação humana.
Uma comparação com relatórios de qualquer das experiências modernas com drogas psicoativas, incluindo aquelas realizadas com LSD, mescalina e outros compostos psicodélicos, mostra que o artigo de Freud estabeleceu uma tradição no estudo de substâncias com propriedades psicoativas.
A noiva de Freud.
Freud vinha de uma família de recursos modestos. Ele terminou seu curso de Medicina em 1881 e, no ano seguinte, assumiu um cargo no Hospital Geral de Viena e tornou-se noivo de sua futura esposa, Martha Bernays.
Durante [esses] anos de hospital, Freud estava totalmente envolvido no esforço de fazer seu nome, descobrindo algo importante na medicina clínica ou na patologia. Sua motivação não era, como poderia supor-se, pura ambição profissional mas, sim, muito mais, a esperança de um sucesso que lhe rendesse uma boa clientela particular para justificar seu casamento um ou, possivelmente, dois anos mais cedo do que ele ousaria esperar caso o curso dos acontecimentos fosse normal.
Freud estava intensamente apaixonado, como se percebe pelos seguintes trechos de cartas à sua noiva:
"... ter você completamente é a única exigência que eu faço para a vida..."
"... a busca de dinheiro, posição e reputação, isso tudo quase não permite que eu lhe dedique uma ou duas linhas apaixonadas..."
"Eu gostaria de ter conseguido algo realmente bom antes de nos encontrarmos novamente."
"Minha querida namorada, você está mesmo certa. De agora em diante, eu também vou escrever somente sobre a viagem [para encontrá-la] ... Eu devo estar viajando sob efeito de coca a fim de controlar a minha terrível impaciência."
"Eu também te amo, mais ainda do que durante os nossos melhores dias aqui..."
A cocaína no século 19.
Foi somente em 1860 que Albert Nieman, um estudante de graduação em farmacologia em Gottingen, isolou a base alcalóide que viria a ser conhecida como cocaína. Seu uso foi imediatamente controlado na Europa mas não nos Estados Unidos, onde cresceu a proporções epidêmicas no final do século 19.
Em 1884, a companhia farmacêutica Merck produziu 3.179 libras de cocaína (aproximadamente 1.442 kg). Em 1886, a Merck produziu 158.352 libras de cocaína (aproximadamente 71.733 kg).
Arthur K. Donoghue cita três razões pelas quais a cocaína era interessante para a profissão médica naquele tempo:
1) Albert Nieman isolou o alcalóide concentrado de cocaína em 1860;2) A agulha hipodérmica foi inventada em 1853; e3) Médicos buscavam desesperadamente soluções para problemas clínicos já que eles não podiam fazer muito além de aliviar a dor com morfina e isto estava sendo reconhecido como causa de severas conseqüências.
Freud pode ter estado sozinho na Europa ao defender as virtudes da cocaína, mas ele tinha muitos colegas com a mesma convicção nos Estados Unidos.
Influência das experiências norte-americanas.
Freud citou freqüentemente fontes norte-americanas, como em seu artigo "Contribuições ao conhecimento e o efeito da cocaína": "A Detroit Therapeutic Gazette publicou, em anos recentes, uma série completa de reportagens sobre abstinência de morfina e ópio que foram superadas com a ajuda da cocaína..." Havia mais de dezesseis artigos relacionados ao tema.
Um efeito colateral do episódio da cocaína na vida de Freud talvez tenha sido a sua subseqüente amargura com a América do Norte. Ele confiava bastante no apoio das autoridades norte-americanas quanto à sua afirmação de que a droga era inofensiva. A experiência e o tempo mostraram-lhe seu equívoco. O seu primeiro encontro com a América do Norte havia sido uma decepção. Embora os EUA tenham sido o país mais receptivo à psicanálise a partir das palestras de Jung e Freud na Clark University este, mesmo no fim de sua vida, poucas vezes deixou de encontrar falhas e emitir julgamentos, argumentando a favor de posicionar a análise contra a psiquiatria americana e a medicina.
Uso pessoal.
Por muitos anos, Freud sofreu de depressões periódicas e de fadiga ou apatia, sintomas neuróticos que, mais tarde, tomaram a forma de ataques de ansiedade antes que fossem dissipados por sua própria análise.
Em minha última depressão severa, eu usei coca novamente e uma pequena dose elevou-me às alturas de uma forma maravilhosa. Agora mesmo, estou envolvido em pesquisar a literatura para uma canção de louvor a esta substância mágica.
Um pouco de cocaína, para soltar a minha língua [para visitar Charcot]. Fomos para lá numa carruagem... R. estava terrivelmente nervoso, eu estava bem calmo com a ajuda de uma pequena dose de cocaína... Essas foram as minhas conquistas (ou melhor, as conquistas da cocaína), que me deixaram muito satisfeito.
Os primeiros anos de Freud como jovem médico no Hospital Geral de Viena foram tempos muito difíceis para ele. Ele buscava reconhecimento, não tinha dinheiro e estava separado de sua noiva:
Nessa situação, cansaço, humor deprimido, ansiedade, preocupações e indigestão repetiam-se, diminuindo sua felicidade e sua eficiência no trabalho. Alguns desses estados podem ter-lhe parecido, de alguma forma, conectados à sua situação frustrante e inquietante... mas todos eles enfraqueceram seu poder de concentração e auto-controle... A cocaína, para ele, era um remédio quase perfeito contra seus acessos neurastênicos.
Naquela época, eu estava fazendo uso freqüente da cocaína, para reduzir desagradável congestão nasal e eu havia ouvido, alguns dias antes, que uma de minhas pacientes, que tinha seguido meu exemplo, desenvolveu uma extensa necrose da mucosa nasal. Eu fui o primeiro a recomendar o uso da cocaína, [entretanto] essa orientação fez com que eu me censurasse severamente. O mal uso dessa droga apressou a morte de um caro amigo meu.
Sabemos, através da "Interpretação dos sonhos", que Freud ainda estava usando a droga em 1895 , um uso de onze anos entre as idades de 28 e 39 anos, entretanto não há nenhuma indicação de que ele era dependente ou que a usava compulsivamente. Como faz notar um autor:
O desejo de erguer-se acima e além foi canalizado, por Freud, para a ciência. Reconhecimento profissional imediato era o tipo de libertação que ele buscava. Ele não esperava o Nirvana diretamente através do seu próprio uso de cocaína e é por isso que ele não corria o risco da dependência.
E novamente:
O fator arquetípico que influencia a compulsão pela droga ("craving"), que concede tamanha intensidade ao desejo e convicção à crença, nunca venceu Freud completamente. A ciência significava muito mais para ele. A razão e um respeito pelos fatos faziam-no ficar sóbrio.
Aplicações terapêuticas
"Freud ainda considerava o campo da cocaína, por assim dizer, sua propriedade particular" e estava fazendo experiências com ela em diversas aplicações terapêuticas:
Eu, agora, encomendei um bocado dela e, por razões óbvias, vou experimentá-la em casos de doenças do coração e, depois, em exaustão nervosa, particularmente na condição horrível que se segue à abstinência de morfina...
Ele esperava curar diabetes com cocaína e experimentou cocaína em muitos amigos, colegas e pacientes.
Freud insistia que a dependência ou o abuso da cocaína nunca fora reconhecido como um fenômeno em si, mas, em vez disso, que ocorria entre pessoas que haviam sido, anteriormente, dependentes da morfina e que se fosse usada por um longo período, mas moderadamente, não seria prejudicial ao corpo. Freud concluiu que a cocaína não tinha ação direta no sistema neuromuscular, podendo, porém, atuar sobre ele, em certas circunstâncias, quando melhorava o bem-estar geral.
Os artigos sobre a cocaína.
Freud escreveu três artigos básicos sobre a cocaína e fez uma conferência para a Sociedade Psiquiátrica de Viena. Ele também mencionou o seu uso e sua experimentação com a cocaína em análises posteriores de sonhos, como no "Sonho da Injeção de Irma" (1895) e o "Sonho da Monografia de Botânica" (1898), ambos mencionados em seu volume maior, "A Interpretação dos Sonhos" (1900).
O primeiro artigo de Freud, "Sobre a coca" , publicado em 1884, era uma exposição longa da planta coca, sua história e seus usos, migração para a Europa, efeito em animais, efeito no corpo humano e, finalmente, os usos terapêuticos da cocaína, com capítulos sobre:
1. Coca como estimulante.
2. O uso da coca para doenças digestivas do estômago.
3. Coca na caquexia.
4. Coca no tratamento da dependência de morfina e de álcool.
5. Coca e asma.
6. Coca como afrodisíaco.
7. Aplicação local da coca.
Esse artigo foi amplamente aceito de modo que Freud reimprimiu 500 cópias em fevereiro do ano seguinte, com um adendo, que dizia: "Eu preciso reiterar, de modo ainda mais enfático que antes, a diversidade das reações individuais à cocaína."
Seu segundo artigo, "Uma contribuição ao Conhecimento do Efeito da Cocaína." é o primeiro e último experimento científico de Freud. Nesse artigo, Freud não se ocupa com as reações subjetivas ao uso da cocaína, mas com os efeitos objetivos da droga em quantidades mensuráveis de energia muscular e de tempos de reação. Ele se utiliza de dois dos instrumentos mais precisos que estavam disponíveis na época; o dinamômetro e um neuroamoebímetro. É um artigo mais curto; tem quatro páginas.
Ele conclui que a melhora funcional decorrente do uso da cocaína não é uma conseqüência da ação direta da droga sobre a musculatura, mas o resultado de um aumento do bem-estar geral que melhora a ação motora de modo secundário.
Como observa Robert Byck, M.D., nossa principal fonte:
Em resumo, o artigo de Freud é escrito de maneira lúcida e é pioneiro ao abordar o vínculo crucial entre o efeito fisiológico e o efeito mental, relacionado ao tempo de ação de um estimulante do sistema nervoso central. "Uma Contribuição ao Conhecimento do Efeito da Cocaína" é um dos primeiros exemplos de um artigo científico sobre uma droga psicoativa que aborda claramente estes pontos.
A conferência de Freud para a Sociedade Psiquiátrica de Viena "Sobre o Efeito Geral da Cocaína" foi uma tentativa de interessar seus colegas no uso da cocaína dentro do organismo e em sua capacidade de aumentar a sensação geral de bem-estar. O artigo, na tradução, tem cinco páginas de extensão e enfatiza dois pontos:
A psiquiatria é rica em drogas que podem reduzir a atividade nervosa super-estimulada, mas é deficiente em agentes que possam aumentar o desempenho do sistema nervoso deprimido.
Eu não hesito em recomendar a administração de cocaína para tais curas de abstinência [da morfina] em injeções subcutâneas... sem nenhum medo de aumentar a dose.
Ele, de fato, menciona:
Acima de tudo, é necessário dizer que o valor da cocaína na prática psiquiátrica ainda está por ser demonstrado e será, provavelmente, conveniente que se faça uma experimentação minuciosa assim que o atual preço, exorbitante, da droga torne-se mais razoável."
O terceiro artigo de Freud, "Observações sobre a Compulsão ("craving") e o Medo da Cocaína." Tem seis páginas na tradução.
Nesse artigo, Freud defende a cocaína contra a acusação de ser perigosa e causar dependência, nas palavras de um psiquiatra alemão "o terceiro flagelo da humanidade", ao lado do álcool e da morfina. Citando as próprias experiências e aquelas de outros autores, ele mantém que a dependência de cocaína ocorre somente com dependentes de morfina que, durante tentativas de retirada, acreditam-se curados, conservam sua dependência de drogas e, meramente, mudam de uma substância para outra, neste caso, da morfina para a cocaína. Em todos os outros casos, não se reconhece a cocaína como causadora de dependência, pode ser abandonada quando se desejar fazê-lo e, depois de uso prolongado, pode causar aversão ao invés de causar desejo ("craving") por ela.
Por outro lado, Freud acha que o uso geral da cocaína está limitado por um elemento de desconfiança.
Uma oportunidade perdida.
Em seu estudo autobiográfico, Freud escreve:
No outono de 1886, fixei-me em Viena como médico e me casei com a jovem que havia ficado me esperando numa cidade distante por mais de quatro anos. Agora, posso retornar um pouco ao passado e explicar qual foi a culpa de minha noiva pelo fato de não me tornar famoso ainda jovem. Um interesse secundário, embora profundo, havia me levado, em 1884, a obter da Merck uma pequena quantidade do então pouco conhecido alcalóide cocaína e estudar sua ação fisiológica. Quando me achava no meio dessa tarefa, surgiu a oportunidade de uma viagem a fim de visitar minha noiva, de quem eu estava afastado havia dois anos. Rapidamente, terminei minha pesquisa sobre a cocaína e me contentei, em meu livro sobre o assunto, em profetizar que logo seriam descobertos outros usos para ela. Sugeri, contudo, a meu amigo Königstein, o oftalmologista, que ele devia investigar a questão de saber até que ponto as propriedades anestésicas da cocaína eram aplicáveis em doenças dos olhos. Quando voltei de minhas férias, verifiquei que não fora ele, mas outro de meus amigos, Carl Koller (agora em Nova Iorque), com o qual eu também tinha falado sobre a cocaína, quem havia feito os experimentos decisivos em olhos de animais e os demonstrara no Congresso Oftalmológico de Heidelberg. Koller, portanto, é considerado, com justiça, o descobridor da anestesia local com cocaína, o que se tornou tão importante em pequenas cirurgias; mas não guardo nenhum rancor da minha noiva pela interrupção das minhas pesquisas.
Um longo tempo foi necessário até que Freud pudesse assimilar a verdade amarga de que o uso que Koller fez dela tenha sido praticamente o único uso de valor e que todo o resto de seu trabalho com cocaína tenha virado cinzas.
A descoberta e a repressão dos artigos de Freud sobre a cocaína.
Parece que pessoas ligadas a Freud não querem trazer esses artigos para o conhecimento geral.
Em referências a seus textos anteriores... [n]os quais ele implica a agulha hipodérmica como a fonte de perigo no emprego da cocaína, ele omitiu qualquer referência ao artigo de 1885 no qual tinha defendido firmemente as injeções perniciosas. Esse último artigo também não foi incluído na lista de textos que, em 1897, teve que preparar ao se inscrever para o título de Professor. Nenhuma cópia dele pode ser encontrada na coleção que mantinha de suas reimpressões. Parece ter sido suprimido completamente.
Em 1960, Arthur K. Donoghue e James Hillman, dois estudantes de Freud e Jung, dos quais o último publicou amplamente sobre psicanálise, notaram que, embora fosse bem sabido que Freud havia feito muitas experiências com cocaína e que havia escrito artigos sobre o assunto, não conseguiam localizar nenhum documento relevante seja em Alemão ou nas traduções para o Inglês dos artigos de Freud. Depois de uma longa busca em muitos arquivos e bibliotecas, eles localizaram os documentos mencionados acima. A curadoria do patrimônio de Freud deu a eles permissão para publicar 1.500 cópias e para oferecê-las à venda por um ano. Esse volume foi publicado em 1963 e, além de algumas livrarias, lojas de artigos para uso de drogas e a comunidade hippie, houve muito pouco interesse e a maior parte dos livros foi destruída ao final do ano.
Em 1974, com a epidemia da cocaína tornando-se aparente por todo o mundo, houve um interesse renovado no trabalho de Freud com a droga e o Dr. Robert Byck, M. D. publicou um volume completo dos artigos de Freud, comentários de outros sobre esses artigos, incluindo os da filha de Freud, Anna, e extensa documentação sobre a história e o uso de cocaína.
Influência na carreira de Freud.
Então, em resumo, pode ser dito que o trabalho de Freud sobre a cocaína foi pioneiro em muitos aspectos; que os erros de julgamento que ele fez e sua defesa da droga foram erros que, desde então, foram cometidos por muitas pessoas que trabalharam com drogas ativas sobre o sistema nervoso central; e que as dificuldades que ele criou para si próprio por causa dessa defesa foram relativamente pequenas quando comparadas à importância da introdução de uma metodologia científica sistemática para o estudo de drogas ativas sobre o sistema nervoso central. Como disse Daniel Freedman em 1969, "eu não tenho certeza do que se quis dizer sobre Freud estar certo ou errado, já que ele, sempre, está as duas coisas."
Nessa pesquisa da cocaína, Freud, primeiro, deixou o caminho consagrado da neurologia da época para aventurar-se no desconhecido. Esse desconhecido ainda estava concretizado numa substância química, do mesmo modo que ele supunha o fluido seminal como a base orgânica em suas primeiras idéias sobre a teoria da libido. O fracasso de Freud com a cocaína foi uma beata culpa. No erro e na derrota ele se afastou de uma abordagem física, orgânica para o tratamento das dificuldades mentais o que, por fim, levou à descoberta do inconsciente e da psicanálise.
O episódio da cocaína é, portanto, não apenas de interesse para a consideração biográfica de Freud mas, também, conduz diretamente ao desenvolvimento da psicanálise. Pelas duas razões ele merece uma apresentação completa e detalhada, embora este episódio some apenas algumas linhas à história da farmacologia e da medicina.
Desta perspectiva, podemos, agora, enxergar o "episódio da cocaína" não como um erro juvenil a ser ignorado pelos seus sucessores e excluído do corpo de seus trabalhos. Pelo contrário, é uma marca juvenil de sua grandeza. Ele teve a capacidade de estar envolvido num contexto complexo e poderoso e, ainda assim, realizar seu trabalho rumo a uma solução individual. Ele rejeitou a tentação do atalho e continuou adiante para realizar a mesma ambição espiritual, só que, agora, num nível psicológico.
Vom Scjheéidt sugeriu que o desenvolvimento da psicanálise e da psicologia do ego tenha sido, em parte, o resultado da tentativa de Freud de lidar com o estado diferente de consciência produzido pela cocaína.
Autor: John E. Burns, PhD
Novembro de 2002
johnburn@amcham.com.br
http://www.adroga.casadia.org/
Como jovem neurologista, essa foi sua primeira tentativa experimental fora da prática médica tradicional. Ele estava buscando o reconhecimento público capaz de gerar a clientela que lhe traria fama e recursos financeiros permitindo, assim, que se casasse com sua noiva, de quem estava separado havia dois anos.
Durante esse período, Freud publicou três artigos importantes e fez uma apresentação para a Sociedade Psiquiátrica de Viena sobre os usos terapêuticos da cocaína. Embora esse experimento não tenha atingido suas expectativas, e seus artigos sobre a cocaína nunca tivessem aparecido em seus escritos publicados, esses estudos fizeram de Freud, na verdade, um fundador da psicofarmacologia e, provavelmente, influenciaram seu trabalho com os sonhos e o inconsciente.
Introdução
No início de sua carreira, Freud escreveu três artigos científicos sobre a cocaína. Quando eles foram "descobertos" e tornados públicos, em 1963 e, novamente, em 1974, ampliaram a compreensão do relacionamento de Freud com a droga que, até aquele momento "focalizava dois aspectos do envolvimento de Freud com a cocaína: primeiro, a questão da prioridade na descoberta da anestesia local e, segundo, a defesa ‘equivocada’ que Freud fez da droga como uma ... panacéia ..."
Entretanto, a importância de Freud na história da psicofarmacologia não está somente na sua elegante revisão da literatura existente e nas suas sugestões para terapia, como apresenta em seu artigo "Sobre a coca". O mais significativo de todos é o seu breve artigo, publicado em janeiro de 1885, "Uma contribuição para o conhecimento do efeito da cocaína", um estudo que confirma o papel de Freud como um dos fundadores da psicofarmacologia moderna.
O primeiro ponto de importância é que Freud, depois de defrontar-se com uma droga com propriedades psicofarmacológicas singulares, não se satisfez com a mera revisão da experimentação humana e animal que havia sido feita até aquele momento. Ao invés disso, ele imediatamente partiu para a demonstração das propriedades psicofarmacológicas da substância. De fato, alguns anos antes, a droga havia sido estudada. Em 1880, von Anrep havia pesquisado a farmacologia da cocaína em experiências com animais. Freud, porém, trabalhou com uma substância purificada e fez registros cuidadosos de suas experiências - em si próprio. Ele utilizou os instrumentos de avaliação mais sofisticados disponíveis na época para poder obter os registros psicofisiológicos mais precisos possíveis e, então, correlacionou esses resultados, simultaneamente, com mudanças de humor e percepção, cuidadosamente descritas durante o período de ação da droga. Essas experiências estabeleceram a dosagem apropriada e o tempo de ação da substância - um relacionamento crucial na experimentação humana.
Uma comparação com relatórios de qualquer das experiências modernas com drogas psicoativas, incluindo aquelas realizadas com LSD, mescalina e outros compostos psicodélicos, mostra que o artigo de Freud estabeleceu uma tradição no estudo de substâncias com propriedades psicoativas.
A noiva de Freud.
Freud vinha de uma família de recursos modestos. Ele terminou seu curso de Medicina em 1881 e, no ano seguinte, assumiu um cargo no Hospital Geral de Viena e tornou-se noivo de sua futura esposa, Martha Bernays.
Durante [esses] anos de hospital, Freud estava totalmente envolvido no esforço de fazer seu nome, descobrindo algo importante na medicina clínica ou na patologia. Sua motivação não era, como poderia supor-se, pura ambição profissional mas, sim, muito mais, a esperança de um sucesso que lhe rendesse uma boa clientela particular para justificar seu casamento um ou, possivelmente, dois anos mais cedo do que ele ousaria esperar caso o curso dos acontecimentos fosse normal.
Freud estava intensamente apaixonado, como se percebe pelos seguintes trechos de cartas à sua noiva:
"... ter você completamente é a única exigência que eu faço para a vida..."
"... a busca de dinheiro, posição e reputação, isso tudo quase não permite que eu lhe dedique uma ou duas linhas apaixonadas..."
"Eu gostaria de ter conseguido algo realmente bom antes de nos encontrarmos novamente."
"Minha querida namorada, você está mesmo certa. De agora em diante, eu também vou escrever somente sobre a viagem [para encontrá-la] ... Eu devo estar viajando sob efeito de coca a fim de controlar a minha terrível impaciência."
"Eu também te amo, mais ainda do que durante os nossos melhores dias aqui..."
A cocaína no século 19.
Foi somente em 1860 que Albert Nieman, um estudante de graduação em farmacologia em Gottingen, isolou a base alcalóide que viria a ser conhecida como cocaína. Seu uso foi imediatamente controlado na Europa mas não nos Estados Unidos, onde cresceu a proporções epidêmicas no final do século 19.
Em 1884, a companhia farmacêutica Merck produziu 3.179 libras de cocaína (aproximadamente 1.442 kg). Em 1886, a Merck produziu 158.352 libras de cocaína (aproximadamente 71.733 kg).
Arthur K. Donoghue cita três razões pelas quais a cocaína era interessante para a profissão médica naquele tempo:
1) Albert Nieman isolou o alcalóide concentrado de cocaína em 1860;2) A agulha hipodérmica foi inventada em 1853; e3) Médicos buscavam desesperadamente soluções para problemas clínicos já que eles não podiam fazer muito além de aliviar a dor com morfina e isto estava sendo reconhecido como causa de severas conseqüências.
Freud pode ter estado sozinho na Europa ao defender as virtudes da cocaína, mas ele tinha muitos colegas com a mesma convicção nos Estados Unidos.
Influência das experiências norte-americanas.
Freud citou freqüentemente fontes norte-americanas, como em seu artigo "Contribuições ao conhecimento e o efeito da cocaína": "A Detroit Therapeutic Gazette publicou, em anos recentes, uma série completa de reportagens sobre abstinência de morfina e ópio que foram superadas com a ajuda da cocaína..." Havia mais de dezesseis artigos relacionados ao tema.
Um efeito colateral do episódio da cocaína na vida de Freud talvez tenha sido a sua subseqüente amargura com a América do Norte. Ele confiava bastante no apoio das autoridades norte-americanas quanto à sua afirmação de que a droga era inofensiva. A experiência e o tempo mostraram-lhe seu equívoco. O seu primeiro encontro com a América do Norte havia sido uma decepção. Embora os EUA tenham sido o país mais receptivo à psicanálise a partir das palestras de Jung e Freud na Clark University este, mesmo no fim de sua vida, poucas vezes deixou de encontrar falhas e emitir julgamentos, argumentando a favor de posicionar a análise contra a psiquiatria americana e a medicina.
Uso pessoal.
Por muitos anos, Freud sofreu de depressões periódicas e de fadiga ou apatia, sintomas neuróticos que, mais tarde, tomaram a forma de ataques de ansiedade antes que fossem dissipados por sua própria análise.
Em minha última depressão severa, eu usei coca novamente e uma pequena dose elevou-me às alturas de uma forma maravilhosa. Agora mesmo, estou envolvido em pesquisar a literatura para uma canção de louvor a esta substância mágica.
Um pouco de cocaína, para soltar a minha língua [para visitar Charcot]. Fomos para lá numa carruagem... R. estava terrivelmente nervoso, eu estava bem calmo com a ajuda de uma pequena dose de cocaína... Essas foram as minhas conquistas (ou melhor, as conquistas da cocaína), que me deixaram muito satisfeito.
Os primeiros anos de Freud como jovem médico no Hospital Geral de Viena foram tempos muito difíceis para ele. Ele buscava reconhecimento, não tinha dinheiro e estava separado de sua noiva:
Nessa situação, cansaço, humor deprimido, ansiedade, preocupações e indigestão repetiam-se, diminuindo sua felicidade e sua eficiência no trabalho. Alguns desses estados podem ter-lhe parecido, de alguma forma, conectados à sua situação frustrante e inquietante... mas todos eles enfraqueceram seu poder de concentração e auto-controle... A cocaína, para ele, era um remédio quase perfeito contra seus acessos neurastênicos.
Naquela época, eu estava fazendo uso freqüente da cocaína, para reduzir desagradável congestão nasal e eu havia ouvido, alguns dias antes, que uma de minhas pacientes, que tinha seguido meu exemplo, desenvolveu uma extensa necrose da mucosa nasal. Eu fui o primeiro a recomendar o uso da cocaína, [entretanto] essa orientação fez com que eu me censurasse severamente. O mal uso dessa droga apressou a morte de um caro amigo meu.
Sabemos, através da "Interpretação dos sonhos", que Freud ainda estava usando a droga em 1895 , um uso de onze anos entre as idades de 28 e 39 anos, entretanto não há nenhuma indicação de que ele era dependente ou que a usava compulsivamente. Como faz notar um autor:
O desejo de erguer-se acima e além foi canalizado, por Freud, para a ciência. Reconhecimento profissional imediato era o tipo de libertação que ele buscava. Ele não esperava o Nirvana diretamente através do seu próprio uso de cocaína e é por isso que ele não corria o risco da dependência.
E novamente:
O fator arquetípico que influencia a compulsão pela droga ("craving"), que concede tamanha intensidade ao desejo e convicção à crença, nunca venceu Freud completamente. A ciência significava muito mais para ele. A razão e um respeito pelos fatos faziam-no ficar sóbrio.
Aplicações terapêuticas
"Freud ainda considerava o campo da cocaína, por assim dizer, sua propriedade particular" e estava fazendo experiências com ela em diversas aplicações terapêuticas:
Eu, agora, encomendei um bocado dela e, por razões óbvias, vou experimentá-la em casos de doenças do coração e, depois, em exaustão nervosa, particularmente na condição horrível que se segue à abstinência de morfina...
Ele esperava curar diabetes com cocaína e experimentou cocaína em muitos amigos, colegas e pacientes.
Freud insistia que a dependência ou o abuso da cocaína nunca fora reconhecido como um fenômeno em si, mas, em vez disso, que ocorria entre pessoas que haviam sido, anteriormente, dependentes da morfina e que se fosse usada por um longo período, mas moderadamente, não seria prejudicial ao corpo. Freud concluiu que a cocaína não tinha ação direta no sistema neuromuscular, podendo, porém, atuar sobre ele, em certas circunstâncias, quando melhorava o bem-estar geral.
Os artigos sobre a cocaína.
Freud escreveu três artigos básicos sobre a cocaína e fez uma conferência para a Sociedade Psiquiátrica de Viena. Ele também mencionou o seu uso e sua experimentação com a cocaína em análises posteriores de sonhos, como no "Sonho da Injeção de Irma" (1895) e o "Sonho da Monografia de Botânica" (1898), ambos mencionados em seu volume maior, "A Interpretação dos Sonhos" (1900).
O primeiro artigo de Freud, "Sobre a coca" , publicado em 1884, era uma exposição longa da planta coca, sua história e seus usos, migração para a Europa, efeito em animais, efeito no corpo humano e, finalmente, os usos terapêuticos da cocaína, com capítulos sobre:
1. Coca como estimulante.
2. O uso da coca para doenças digestivas do estômago.
3. Coca na caquexia.
4. Coca no tratamento da dependência de morfina e de álcool.
5. Coca e asma.
6. Coca como afrodisíaco.
7. Aplicação local da coca.
Esse artigo foi amplamente aceito de modo que Freud reimprimiu 500 cópias em fevereiro do ano seguinte, com um adendo, que dizia: "Eu preciso reiterar, de modo ainda mais enfático que antes, a diversidade das reações individuais à cocaína."
Seu segundo artigo, "Uma contribuição ao Conhecimento do Efeito da Cocaína." é o primeiro e último experimento científico de Freud. Nesse artigo, Freud não se ocupa com as reações subjetivas ao uso da cocaína, mas com os efeitos objetivos da droga em quantidades mensuráveis de energia muscular e de tempos de reação. Ele se utiliza de dois dos instrumentos mais precisos que estavam disponíveis na época; o dinamômetro e um neuroamoebímetro. É um artigo mais curto; tem quatro páginas.
Ele conclui que a melhora funcional decorrente do uso da cocaína não é uma conseqüência da ação direta da droga sobre a musculatura, mas o resultado de um aumento do bem-estar geral que melhora a ação motora de modo secundário.
Como observa Robert Byck, M.D., nossa principal fonte:
Em resumo, o artigo de Freud é escrito de maneira lúcida e é pioneiro ao abordar o vínculo crucial entre o efeito fisiológico e o efeito mental, relacionado ao tempo de ação de um estimulante do sistema nervoso central. "Uma Contribuição ao Conhecimento do Efeito da Cocaína" é um dos primeiros exemplos de um artigo científico sobre uma droga psicoativa que aborda claramente estes pontos.
A conferência de Freud para a Sociedade Psiquiátrica de Viena "Sobre o Efeito Geral da Cocaína" foi uma tentativa de interessar seus colegas no uso da cocaína dentro do organismo e em sua capacidade de aumentar a sensação geral de bem-estar. O artigo, na tradução, tem cinco páginas de extensão e enfatiza dois pontos:
A psiquiatria é rica em drogas que podem reduzir a atividade nervosa super-estimulada, mas é deficiente em agentes que possam aumentar o desempenho do sistema nervoso deprimido.
Eu não hesito em recomendar a administração de cocaína para tais curas de abstinência [da morfina] em injeções subcutâneas... sem nenhum medo de aumentar a dose.
Ele, de fato, menciona:
Acima de tudo, é necessário dizer que o valor da cocaína na prática psiquiátrica ainda está por ser demonstrado e será, provavelmente, conveniente que se faça uma experimentação minuciosa assim que o atual preço, exorbitante, da droga torne-se mais razoável."
O terceiro artigo de Freud, "Observações sobre a Compulsão ("craving") e o Medo da Cocaína." Tem seis páginas na tradução.
Nesse artigo, Freud defende a cocaína contra a acusação de ser perigosa e causar dependência, nas palavras de um psiquiatra alemão "o terceiro flagelo da humanidade", ao lado do álcool e da morfina. Citando as próprias experiências e aquelas de outros autores, ele mantém que a dependência de cocaína ocorre somente com dependentes de morfina que, durante tentativas de retirada, acreditam-se curados, conservam sua dependência de drogas e, meramente, mudam de uma substância para outra, neste caso, da morfina para a cocaína. Em todos os outros casos, não se reconhece a cocaína como causadora de dependência, pode ser abandonada quando se desejar fazê-lo e, depois de uso prolongado, pode causar aversão ao invés de causar desejo ("craving") por ela.
Por outro lado, Freud acha que o uso geral da cocaína está limitado por um elemento de desconfiança.
Uma oportunidade perdida.
Em seu estudo autobiográfico, Freud escreve:
No outono de 1886, fixei-me em Viena como médico e me casei com a jovem que havia ficado me esperando numa cidade distante por mais de quatro anos. Agora, posso retornar um pouco ao passado e explicar qual foi a culpa de minha noiva pelo fato de não me tornar famoso ainda jovem. Um interesse secundário, embora profundo, havia me levado, em 1884, a obter da Merck uma pequena quantidade do então pouco conhecido alcalóide cocaína e estudar sua ação fisiológica. Quando me achava no meio dessa tarefa, surgiu a oportunidade de uma viagem a fim de visitar minha noiva, de quem eu estava afastado havia dois anos. Rapidamente, terminei minha pesquisa sobre a cocaína e me contentei, em meu livro sobre o assunto, em profetizar que logo seriam descobertos outros usos para ela. Sugeri, contudo, a meu amigo Königstein, o oftalmologista, que ele devia investigar a questão de saber até que ponto as propriedades anestésicas da cocaína eram aplicáveis em doenças dos olhos. Quando voltei de minhas férias, verifiquei que não fora ele, mas outro de meus amigos, Carl Koller (agora em Nova Iorque), com o qual eu também tinha falado sobre a cocaína, quem havia feito os experimentos decisivos em olhos de animais e os demonstrara no Congresso Oftalmológico de Heidelberg. Koller, portanto, é considerado, com justiça, o descobridor da anestesia local com cocaína, o que se tornou tão importante em pequenas cirurgias; mas não guardo nenhum rancor da minha noiva pela interrupção das minhas pesquisas.
Um longo tempo foi necessário até que Freud pudesse assimilar a verdade amarga de que o uso que Koller fez dela tenha sido praticamente o único uso de valor e que todo o resto de seu trabalho com cocaína tenha virado cinzas.
A descoberta e a repressão dos artigos de Freud sobre a cocaína.
Parece que pessoas ligadas a Freud não querem trazer esses artigos para o conhecimento geral.
Em referências a seus textos anteriores... [n]os quais ele implica a agulha hipodérmica como a fonte de perigo no emprego da cocaína, ele omitiu qualquer referência ao artigo de 1885 no qual tinha defendido firmemente as injeções perniciosas. Esse último artigo também não foi incluído na lista de textos que, em 1897, teve que preparar ao se inscrever para o título de Professor. Nenhuma cópia dele pode ser encontrada na coleção que mantinha de suas reimpressões. Parece ter sido suprimido completamente.
Em 1960, Arthur K. Donoghue e James Hillman, dois estudantes de Freud e Jung, dos quais o último publicou amplamente sobre psicanálise, notaram que, embora fosse bem sabido que Freud havia feito muitas experiências com cocaína e que havia escrito artigos sobre o assunto, não conseguiam localizar nenhum documento relevante seja em Alemão ou nas traduções para o Inglês dos artigos de Freud. Depois de uma longa busca em muitos arquivos e bibliotecas, eles localizaram os documentos mencionados acima. A curadoria do patrimônio de Freud deu a eles permissão para publicar 1.500 cópias e para oferecê-las à venda por um ano. Esse volume foi publicado em 1963 e, além de algumas livrarias, lojas de artigos para uso de drogas e a comunidade hippie, houve muito pouco interesse e a maior parte dos livros foi destruída ao final do ano.
Em 1974, com a epidemia da cocaína tornando-se aparente por todo o mundo, houve um interesse renovado no trabalho de Freud com a droga e o Dr. Robert Byck, M. D. publicou um volume completo dos artigos de Freud, comentários de outros sobre esses artigos, incluindo os da filha de Freud, Anna, e extensa documentação sobre a história e o uso de cocaína.
Influência na carreira de Freud.
Então, em resumo, pode ser dito que o trabalho de Freud sobre a cocaína foi pioneiro em muitos aspectos; que os erros de julgamento que ele fez e sua defesa da droga foram erros que, desde então, foram cometidos por muitas pessoas que trabalharam com drogas ativas sobre o sistema nervoso central; e que as dificuldades que ele criou para si próprio por causa dessa defesa foram relativamente pequenas quando comparadas à importância da introdução de uma metodologia científica sistemática para o estudo de drogas ativas sobre o sistema nervoso central. Como disse Daniel Freedman em 1969, "eu não tenho certeza do que se quis dizer sobre Freud estar certo ou errado, já que ele, sempre, está as duas coisas."
Nessa pesquisa da cocaína, Freud, primeiro, deixou o caminho consagrado da neurologia da época para aventurar-se no desconhecido. Esse desconhecido ainda estava concretizado numa substância química, do mesmo modo que ele supunha o fluido seminal como a base orgânica em suas primeiras idéias sobre a teoria da libido. O fracasso de Freud com a cocaína foi uma beata culpa. No erro e na derrota ele se afastou de uma abordagem física, orgânica para o tratamento das dificuldades mentais o que, por fim, levou à descoberta do inconsciente e da psicanálise.
O episódio da cocaína é, portanto, não apenas de interesse para a consideração biográfica de Freud mas, também, conduz diretamente ao desenvolvimento da psicanálise. Pelas duas razões ele merece uma apresentação completa e detalhada, embora este episódio some apenas algumas linhas à história da farmacologia e da medicina.
Desta perspectiva, podemos, agora, enxergar o "episódio da cocaína" não como um erro juvenil a ser ignorado pelos seus sucessores e excluído do corpo de seus trabalhos. Pelo contrário, é uma marca juvenil de sua grandeza. Ele teve a capacidade de estar envolvido num contexto complexo e poderoso e, ainda assim, realizar seu trabalho rumo a uma solução individual. Ele rejeitou a tentação do atalho e continuou adiante para realizar a mesma ambição espiritual, só que, agora, num nível psicológico.
Vom Scjheéidt sugeriu que o desenvolvimento da psicanálise e da psicologia do ego tenha sido, em parte, o resultado da tentativa de Freud de lidar com o estado diferente de consciência produzido pela cocaína.
Autor: John E. Burns, PhD
Novembro de 2002
johnburn@amcham.com.br
http://www.adroga.casadia.org/
I'd like to buy the world some coke
Freud e Ana Freud(filha)!
Estão a observar o post anterior (mind and body)!
"We all know cocaine is an addictive drug: just about the most addictive drug on the planet. In one experiment, a chimp was trained to hit a bar in his cage to be administered with a dose of cocaine. At regular intervals, the number of times the chimp had to hit the bar to get the coke was increased. The experiment was finally abandoned when the chimp hit the bar over 12,000 times to get a single dose of coke"
http://www.historyhouse.com
Tuesday, October 24, 2006
Ai está! Antevisão do Derby : FCP-1 vs SLB- 2
Há dúvidas!!!?
Se as Houver aqui está a resposta.;
SLB!!! SLB!!! SLB:: SLB::: SLB:
Glorioso! SLB! Glorioso!! SLB!!!
SLB!! SLB!;; :: SLB!!!
Glorioso!
Onze para o Dragão: GR- Quim; DE- Léo; DD- Nelsom; DC_ luisão; DC- R. Rocha; MC_ Petit; MC_ Katsoranis; Mac_ Simão (cap); Mac- Karyaka; AV_ N. Gomes.
Força Benfica!!!
Saturday, October 21, 2006
Tuesday, October 17, 2006
Thursday, October 12, 2006
Album do Mês de Outubro no Bang
Scissor Sisters / Ta-Dah(Polydor)
When Scissor Sisters emerged like a gaudy peacock from the debris of the New York electroclash scene, it appeared that their performance art credentials and flamboyant queerness would secure them a small cult following.
Yet their debut was so deft, joyous and fiendishly catchy that it sold two and a half million copies in the UK and became beloved of hipsters and grandmas alike.
The pressure to follow up such success must have been immense, and unfortunately much of Ta-Dah shows the strain, falling back on retro kitsch instead of forging ahead into new sonic territory. First single "Don't Feel Like Dancing" may be their poppiest and most infectious confection yet, but its Bee Gee's falsettos and laser gun sound effects sound suspiciously like a band trying too hard.
Though its sheer glitter factor makes it preferable to throwaway fare like the sludgy disco of "Lights" or the self-parodic "Ooh".
Their pop instincts are still sharp enough to deliver gems like the strutting boogie of "She's My Man" or the flamboyant, rocky "Kiss You Off".
But the more melancholic moments seem to work best, notably the minor chord loveliness of "The Other Side" and the lovesick lullaby "Might Tell You Tonight."
After their first album we expected something extraordinary. Unfortunately Ta-Dah, for all its minor joys, doesn't deliver. The pressure is only going to grow on that third album.
Texto : BBC
www.scissorsisters.com/
Wednesday, October 11, 2006
Robin Hood
Universidade Nottingham cria mestrado sobre Robin dos Bosques
A Universidade de Nottingham (Inglaterra) criou um mestrado em estudos sobre Robin Hood, o famoso Robin dos Bosques que alimentou séries, filmes e o imaginário infantil com histórias em que o herói recriado pelo escritor e ilustrador norte-americano Howard Pyle «rouba aos ricos para dar aos pobres».
Durante o mestrado de um ano, os alunos irão estudar manuscritos do século XV, de quando datam as lendas que contam a história do fora-de-lei, adianta a BBC.
No curso – que se inicia em Outubro do próximo ano - serão tecidas teorias e criadas canções e peças de teatro para investigar o mundo medieval em que decorre a lenda de Nottingham.
Robin é um jovem aventureiro que, com o apoio dos amigos, entre os quais o emblemático João Pequeno, – escondidos na famosa floresta de Sherwood -, enfrenta as injustiças e a petulância do xerife de Nottingham.
Estou Perdido! I
Esta série é parte drama, parte fantasia, parte ficção científica trata-se de uma nova espécie de híbrido…. Totalmente espectacular!
http://lostportugal.blogspot.com
http://lostportugal.blogspot.com
Friday, September 29, 2006
S.L.Benfica a recuperação
Thursday, September 28, 2006
Lisboa
Wednesday, September 27, 2006
Futebol = Golos = Vitórias
Benfica 0 / M. United 1
Depois de uma primeira parte de bom nível, o benfica 2006/07 voltou a cair no mesmo estilo de jogo que o têm caracterizado, ou seja, passe para trás, para os lados, toque mais toque, rodopios, fintas sem consequência, alguma vontade mas nenhuma arte!
Ainda vamos a tempo, mas a partir de agora cada jogo é uma final!
Existe luz ao fundo do túnel? Parece me que sim!!!
Saturday, September 23, 2006
Volta Trapatoni
Monday, September 18, 2006
Soltas
Só um fantasma se embrulha no seu passado explicando a si próprio com auto defenições
baseadas numa vida já vivida!
Você é aquilo que escolhe ser hoje, não o que escolheu antes. ( autor desconhecido).
Ou nós encontramos um caminho, ou abrimos um!!! ( Anibal)
baseadas numa vida já vivida!
Você é aquilo que escolhe ser hoje, não o que escolheu antes. ( autor desconhecido).
Ou nós encontramos um caminho, ou abrimos um!!! ( Anibal)
Ai está!!! A ferros mas foi!
Benfica 1 / Nacional 0(,5)
O Benfica ganhou o seu primeiro jogo da liga!!!
O central Luisão mostrou que é indispensável nesta equipa, neste momento é a chave que poderá desbloquear o jogo Benfiquista!
Sem Rui Costa mas com Simão o Benfica 2006/2007 parece começar a lutar de igual para igual embora o adversário de ontem não mereça tanto suor!
Com Micolli, Simão, Luisão, N.Gomes e talvez Rui Costa ninguém nos irá parar!!!
Que venha o Manchester!!!!
Força SLB""""
O Benfica ganhou o seu primeiro jogo da liga!!!
O central Luisão mostrou que é indispensável nesta equipa, neste momento é a chave que poderá desbloquear o jogo Benfiquista!
Sem Rui Costa mas com Simão o Benfica 2006/2007 parece começar a lutar de igual para igual embora o adversário de ontem não mereça tanto suor!
Com Micolli, Simão, Luisão, N.Gomes e talvez Rui Costa ninguém nos irá parar!!!
Que venha o Manchester!!!!
Força SLB""""
Wednesday, September 13, 2006
Força Benfica!!!
Wednesday, August 23, 2006
Fly ???
Easy as You
Tuesday, August 22, 2006
Gronelândia: Recuo dos glaciares não é fenómeno recente
O recuo dos glaciares da Gronelândia, provocado pela fusão dos gelos, tem vindo a ocorrer ao longo dos últimos cem anos, não sendo por isso um fenómeno recente, indica um estudo divulgado esta segunda-feira.
Neste trabalho, investigadores da Universidade de Aarhus (centro da Dinamarca) estudaram o movimento dos glaciares da ilha de Disko, no oeste da Gronelândia, desde o fim do século XIX até à actualidade.
«O estudo, baseado em 247 dos 350 glaciares de Disko, é o mais extenso feito até agora sobre os movimentos dos glaciares da Gronelândia», afirmou o glaciologista Jacob Clement Yde, co-autor da investigação com o colega Niels Tvis Knudsen.
O estudo foi apresentado em Cambridge (Reino Unido), na abertura de um simpósio internacional sobre a influência do aquecimento climático nos glaciares do mundo.
«Examinámos 95 por cento da zona coberta pelos glaciares em Disko, e tudo indica que os nossos resultados são também válidos para os situados perto das costas no resto da Gronelândia», acrescentou.
Com a ajuda de «mapas da época e de observações actuais de satélites», os cientistas «constataram que 70% dos glaciares recuaram regularmente desde finais dos anos 1880, à velocidade de cerca de oito metros por ano», segundo Yde.
O maior recuo foi constatado entre 1964 e 1985.
Na sua perspectiva, «o aquecimento climático da Gronelândia de 3 a 4 graus entre 1920 e 1930, e o registado depois de 1995 contribuíram para manter e acelerar a fusão dos gelos».
O efeito da subida das temperaturas nos anos 1920-30 «foi visível dezenas de anos depois, e o dos anos 90 sê-lo-á dentro de 10 a 20 anos», estima este investigador, que espera «uma fusão mais importante dos glaciares da Gronelândia no futuro».
O recuo dos glaciares desde o século XIX é «o resultados do aquecimento natural da atmosfera, devido a erupções vulcânicas, por exemplo, e ao efeito de estufa criado pelas actividades humanas, que agravou a situação», segundo este perito.
O estudo mostrou também «novos resultados de investigação sobre os glaciares chamados »galopantes«, que avançam muito rapidamente em poucos anos, até 50 metros por dia, recuando depois lentamente, a uma velocidade de 20 metros por ano», acrescentou.
«Identificámos, graças a novas análises de fotografias aéreas e imagens de satélite, quatro vezes mais glaciares galopantes do que as estimativas anteriores, ou seja 75 em vez de apenas 20», explicou.
Em Fevereiro, um estudo publicado nos Estados Unidos revelou que o volume de gelo derramado no Atlântico pelos glaciares da Gronelândia quase duplicou nos últimos cinco anos, fazendo prever uma subida mais rápida do que previsto do nível dos oceanos.
Segundo os seus autores, o fenómeno resultaria ao mesmo tempo de uma fusão mais importante dos gelos e de uma aceleração do movimento dos glaciares por efeito do aquecimento climático.
Fonte : Diário Digital / Lusa
O recuo dos glaciares da Gronelândia, provocado pela fusão dos gelos, tem vindo a ocorrer ao longo dos últimos cem anos, não sendo por isso um fenómeno recente, indica um estudo divulgado esta segunda-feira.
Neste trabalho, investigadores da Universidade de Aarhus (centro da Dinamarca) estudaram o movimento dos glaciares da ilha de Disko, no oeste da Gronelândia, desde o fim do século XIX até à actualidade.
«O estudo, baseado em 247 dos 350 glaciares de Disko, é o mais extenso feito até agora sobre os movimentos dos glaciares da Gronelândia», afirmou o glaciologista Jacob Clement Yde, co-autor da investigação com o colega Niels Tvis Knudsen.
O estudo foi apresentado em Cambridge (Reino Unido), na abertura de um simpósio internacional sobre a influência do aquecimento climático nos glaciares do mundo.
«Examinámos 95 por cento da zona coberta pelos glaciares em Disko, e tudo indica que os nossos resultados são também válidos para os situados perto das costas no resto da Gronelândia», acrescentou.
Com a ajuda de «mapas da época e de observações actuais de satélites», os cientistas «constataram que 70% dos glaciares recuaram regularmente desde finais dos anos 1880, à velocidade de cerca de oito metros por ano», segundo Yde.
O maior recuo foi constatado entre 1964 e 1985.
Na sua perspectiva, «o aquecimento climático da Gronelândia de 3 a 4 graus entre 1920 e 1930, e o registado depois de 1995 contribuíram para manter e acelerar a fusão dos gelos».
O efeito da subida das temperaturas nos anos 1920-30 «foi visível dezenas de anos depois, e o dos anos 90 sê-lo-á dentro de 10 a 20 anos», estima este investigador, que espera «uma fusão mais importante dos glaciares da Gronelândia no futuro».
O recuo dos glaciares desde o século XIX é «o resultados do aquecimento natural da atmosfera, devido a erupções vulcânicas, por exemplo, e ao efeito de estufa criado pelas actividades humanas, que agravou a situação», segundo este perito.
O estudo mostrou também «novos resultados de investigação sobre os glaciares chamados »galopantes«, que avançam muito rapidamente em poucos anos, até 50 metros por dia, recuando depois lentamente, a uma velocidade de 20 metros por ano», acrescentou.
«Identificámos, graças a novas análises de fotografias aéreas e imagens de satélite, quatro vezes mais glaciares galopantes do que as estimativas anteriores, ou seja 75 em vez de apenas 20», explicou.
Em Fevereiro, um estudo publicado nos Estados Unidos revelou que o volume de gelo derramado no Atlântico pelos glaciares da Gronelândia quase duplicou nos últimos cinco anos, fazendo prever uma subida mais rápida do que previsto do nível dos oceanos.
Segundo os seus autores, o fenómeno resultaria ao mesmo tempo de uma fusão mais importante dos gelos e de uma aceleração do movimento dos glaciares por efeito do aquecimento climático.
Fonte : Diário Digital / Lusa
Friday, August 18, 2006
Wednesday, August 16, 2006
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